Sobre... Cinema

Ontem eu fui no cinema ver Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of the Fleet Street). Um filme feito especialmente para pessoas que aguentam ficar duas horas sentadas na cadeira ouvindo pessoas cantarem, e que possuem estômago forte para cenas de muito sangue espirrando a la Kill Bill ou Sin City. Como eu tenho estômago forte e meu filme favorito é Moulin Rouge, posso dizer que adorei!

Se você não se enquadra num dos quesitos acima, eu não recomendo o filme mesmo (que o diga o casal sentado atrás de mim, que saiu no meio da sessão). A cantoria afeta um pouco menos, já que o filme é, por assim dizer, "cantarolado" (nada de corais ou de óperas líricas com coros suntuosos ao fundo - ninguém ali é tenor, ou sequer cantor!!, e tudo se passa como se fossem pessoas normais cantando no seu dia a dia, sem "berros", e sem a necessidade de muita afinação. Aliás, a única que tenta fazer uma coisa mais lírica é a atriz que interpreta Johanna, a filha do Johnny Depp no filme - e ela destoa completamente, soa como uma chata...). Agora, o sangue...
A história é basicamente assim: um barbeiro era casado com uma moça muito bonita e tinha uma filha com ela. Até que o juiz da cidade, morto de ciúme e apaixonado pela moça, inventa um crime qualquer para o barbeiro e o bane da cidade, adotando a filha como sua protegida. Quinze anos depois, o barbeiro volta com uma nova identidade e LOUCO por vingança (as letras maiúsculas são propositadas - a sede por vingança deste personagem fica nítida, e se apodera do seu viver de forma extrema), e recebe a ajuda de Mrs. Lovett, que tem uma loja de tortas e sempre o amou. Ele passa a matar todos que se colocam no seu caminho, e ela, bem, a ter mais recheio para as suas tortas.
O melhor do filme são as características técnicas. O figurino é lindo, e a maquiagem e a palidez dos personagens, a la Tim Burton, compondo com o visual geral das cenas uma fotografia extremamente sombria. Isso fica muito claro devido ao contraste com uma das melhores seqüências, aquela em que Mrs. Lovett canta quais são seus sonhos - junto com os flash-backs, a única que não foi feita para ser sombria. Além disso, a direção, na minha singela opinião, é fantástica. O filme te faz rir de pessoas sendo degoladas, mas quando ele resolve ficar tenso, ah, ele fica! Essas diferenças bem marcadas mostram que o propósito do filme era entreter com MUITO humor negro, mas sem perder a mão a ponto de as pessoas não levarem o final a sério, como acontece com muito filme de terror por aí.
Quanto ao elenco, há momentos em que você tem a impressão que Daniel Raddcliffe vai entrar voando de vassoura, mas aí quem entra é o Johnny Depp (hehe, brincadeira). O elenco está ótimo (tá, tirando a chata-sem expressão-monótona da Johanna). O Johnny Depp está um perfeito psicótico, o Sacha Baron Cohen nos faz rir como sempre, o Alan Rickman está perfeito sem a caricatura de Snape - os olhares furtivos que ele lança para o seu capanga, o bedel Peter Pettigre.. ops, Timothy Spall, são fantásticos. Mas impagável mesmo é Helena Bonham Carter (não falei que o elenco inteiro do Harry Potter aparecia???), como Mrs. Lovett, a quem a vida dura fez uma mulher, hmm, como posso dizer? Que vende tortas de carne humana?, mas sem perder o sentimento.
Enfim, pra quem gosta de musicais, humor negro e sangue jorrando vingança, recomendadíssimo. Pra quem não gosta, recomendo O Prisioneiro de Azkaban, já que, depois de fazer tanto sucesso com suas tortas, é lá mesmo que Mrs. Lovett foi parar...
Ah, o trailer (acho que ele reúne todas as cenas não cantadas do filme..):