terça-feira, 11 de março de 2008

Sobre... Cinema



Na verdade não é bem sobre cinema, mas sim sobre filmes de animação. Eu finalmente pude assistir a Ratatouille, e é claro que não vou perder minha chance de dar minha opinião.
Primeiramente, é importante dizer que eu adoro desenhos animados da Disney. Tenho vários dvd´s, e na lista dos meus filmes favoritos, junto com Dogville e Moulin Rouge, está lá A Bela e a Fera... todos os dias quando chego no trabalho bem humorada, ponho meu fone de ouvido, abro o Youtube e fico ouvindo músicas deste e de diversos outros filmes: O Rei Leão, A Pequena Sereia... Isso sem contar que eu tenho todas essas trilhas, e adoro ouvi-las quando estou no carro.
Mas eu nunca gostei das animações. Quer dizer, eu adoro animações!! Adorei Shrek, por exemplo... mas nunca gostei das animações da Disney-Pixar. Toy Story, Carros, Madagascar, Os Incríveis, Chicken Little... dei umas risadinhas em todas, mas nenhuma me agradou tanto assim. E olha que elas seguem a fórmula clássica dos filmes da Disney, com personagens fantásticos, belas canções... nada. Nenhuma delas tinha conseguido me agradar. E eu não sei muito bem por quê... talvez porque os personagens fossem muito sacanas, exagerados, sei lá. Acho que os filmes da Disney têm uma certa inocência, um certo idealismo nos personagens, que os filmes da Pixar não traduzem tão bem. (Nota: nem todos, acabei de me lembrar que gosto muito de Monstros S.A.!! Mas nem de longe se compara a clássicos como Aladdin ou Mulan).
Pois bem. Eu tinha um pouco de expectativas a respeito de Ratatouille, acho que por causa dos boatos de que ele deveria ter sido indicado ao Oscar de melhor filme. Considerando que o último desenho a conseguir tanto foi justamente A Bela e a Fera (até porque depois disso inventaram o Oscar de animação...), isso soou muito bem aos meus ouvidos... e não me arrependi de ter alugado o filme.
Ratatouille passa a impressão de ser como uma degustação de um bom vinho... tudo tem ritmo, e esse ritmo está mais pra jazz que pra qualquer outra coisa. A história é divertida, os personagens são cativantes, há romance, família, sonhos realizados, um vilão que só arranja encrenca pro mocinho bem no final.
Aliás, vocês já repararam que os clássicos mesmo da Disney são assim? O filme todo mostra o mocinho criando sua identidade e em geral se apaixonando, mas no final o vilão, que passou o tempo todo só arquitetando, resolve aprontar. Neste momento o mocinho dá uma hesitada, mas reencontra seus princípios, aquele amor todo que já teve tempo de amadurecer, e vence no fim!!!! Mesmo em o Rei Leão: embora o Mufasa morra logo no comecinho, o Scar só aparece diretamente na vida do Simba no final... antes disso ele cresce, se diverte, faz amigos, se apaixona, sente saudades do pai... acho que esse processo todo serve para que nos identifiquemos com o personagem principal, para que possamos torcer por ele no final! :)
Tenho a impressão que nas animações da Disney-Pixar, tudo vai um pouco rápido demais... alguém se lembra de quais eram os personagens principais dos personagens de Madagascar, quais eram seus sonhos? Na versão comentada de A Bela e a Fera, quando a Bela canta Belle - Reprise, o diretor do filme fala: essa é a canção "I want to", todo filme deve ter uma. É neste momento que fazemos as pessoas conhecerem o coração do personagem em trêm minutos. E eu passei a reparar que na maioria dos clássicos essa canção está mesmo presente!!! Seja "I just can´t wait to be king", ou "Part of Your World", "My Reflection"... são todas canções maravilhosas de filmes clássicos, que ocorrem logo no começo e nos contam quais são os sonhos daquele personagem. E isso se perdeu nestes filmes mais recentes!!
E eu consegui sentir tudo isso no Ratatouille... tive bem claro quais eram os sonhos e medos de cada um daqueles personagens... todos tiveram dúvidas em algum momento, mas se reencontraram com seus ideais antes do mal vencer!! Enfim, além de ser um filme que nas imagens e sons é bastante "cool", como um vinho tomado em Paris ao som de um bom jazz, ele consegue trazer todos esses elementos que fazem os filmes da Disney agradarem a tantas pessoas.
Só mais uma consideração: eu acho que a Disney está se tocando que isso vinha fazendo falta, porque quase nenhum destes filmes mais recentes foi um sucesso retumbante como antigamente. E agora eles lançaram Encantada, que, mesmo trazendo atores reais, é divertidíssimo seguindo a receitinha de bolo clássica!! Adorei este também.
Bom, ao invés de colocar o trailer do filme (já que ele é mais antiguinho), vou colocar a canção que eu citei no texto, "Belle - Reprise". Só pra relembrar os velhos tempos, em que eu e minha mãe passamos quase que todos os dias, durante um mês, na locadora pra perguntar se A Bela e a Fera já tinha chegado (quantos anos eu tinha? Cinco?), e assistimos juntas, uma mais feliz que a outra.
Ah, e Ratatouille está recomendadíssimo.

23 comentários:

rizbicki disse...

Estava olhando a lista de filmes lançados pela disney, http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_filmes_da_Disney e me parece que os filmes estão sendo lançados a uma velocidade cada vez maior, mas eles são de menor importância. Acho que a maioria nem vai pro cinema.

Outra coisa curiosa é que as trilhas sonoras dos últimos filmes raramente chamam a minha atenção, ao contrário dos mais antigos...mas não sei se é pq as antigas lembram a minha infância ou realmente são melhores.

Unknown disse...

Essa ideia de produzir filmes
em massa foi do Will Eisner (?),
bom, o CEO anterior. O novo manda
chuva da animação da Disney veio da
fusão com a Pixar. Ele mandou refazer
Encantada, e colocou a Disney como
estudio de animação tradicional
novamente, já que o anterior queria
eliminar a animação tradicional de
vez devido ao grande sucesso das
animações digitais em comparação a
Disney. O fracasso de bilheteria
do Chichen Little em relação ao
custo do produto e o fim do
contrato com a Pixar auxiliaram
o Roy Disney a retomar as redeas
da Disney para tirar o CEO que
o tinha tirado anteriormente.

Eu não gostava muito dos filmes
da Disney, eu achava que eles tinham uma mensagem subliminar
de terror. Por tabela, eu também
não confiava que a Pixar produzisse
bons filmes. Quando assisti a
Toy Story 2, mudei de opinião sobre
a Pixar. Depois da Dreamworks,
eu comecei a achar que os filmes
da Disney são mais adequados para
crianças... Eu só não tinha
reparado que realmente a música
na Pixar não é tão essencial. Eu
gosto muito de algumas das animações da Ghibli por que não
existe um vilão que encarna o mal,
a trama está ao redor do personagem
vencer aos seus próprios medos.
Acho que os filmes da Pixar passam
um pouco mais esta idéia de superar
a si mesmo, mais do que os da Disney que têm a morte do vilão
como a cura de todos os males...

Renata Brunelli disse...

Mas em geral o mocinho precisa superar seus próprios medos antes de conseguir enfrentar o vilão!! E a vitória no final não significa apenas esta morte, mas sim que o mocinho mudou, e aprendeu a conviver com o que antes temia!!
Como o Simba que aceita não ser o culpado pela morte do pai, ou a Bela que se apaixona por uma ferra feiosa, ou ainda o Aladdin, que percebe que a princesa pode amá-lo mesmo sendo pobre... antes de se convencerem dessas coisas, os mocinhos não são nada perto do vilão...
E a Disney se separou da Pixar? Então vai ver que é por isso que eu achei Ratatouille tão diferente dos anteriores!! :p
E realmente, música não é o forte deles... mas sim da Disney. Vocês viram que as três músicas do filme Encantada concorreram ao Oscar? Esse por exemplo é um filme que tenta modernizar, mas ao mesmo tempo volta completamente às origens.. e fez um sucesso enorme!!
Por isso: Qualidade em detrimento da Quantidade, sempre!!!
E Rafael... vc já A Pequena Sereia 2, 3, 4, 5?... é incrível como essas seqüências têm uma qualidade (de imagem, músicas, história, tudo) beeem menor que a do filme original, mas elas são lançadas aos montes apenas para tentar faturar em cima de um sucesso consolidado...

Unknown disse...

Eu gosto bastante dos filmes da Pixar... Acho que os filmes antigos da Disney lembram a nossa infância,talvez seja por isso que parecem melhores.Minha irmã,por exemplo,teve Toy Story como parte da infância e assitia uma mil vezes, assim como eu fazia com os filmes antigos da Disney.
Uma observação: Madagascar não é da Pixar até onde eu sei. Até porque foge um pouco do padrão de filmes da Pixar.

rizbicki disse...

Madagascar é da DreamWorks...

rizbicki disse...

(continuação) Assim como FormiguinhaZ e Bee Movie...
não assisti Madagascar, mas os outros 2 gostei achei muito bons (principalmente FormiguinhaZ)

Unknown disse...

Então, mas por que o processo de
superação inclui a morte do vilão?
Por que é preciso ter um vilão que
precisa ser morto? Isso fica muito
próximo da lógica dos filmes adultos
onde o mal é personificado e o
mal pode ser extirpado com a morte.
Dá uma impressão que só se pode
ser feliz depois que se mata alguém.

Unknown disse...

A Disney não separou da Pixar,
a Disney comprou a Pixar e os
executivos da Pixar passaram a
coordenar a parte de criação de
ambas.

Segundo John Lasseter, que é o
executivo que controla a criação,
haverão continuações apenas se houver uma boa estória para isto.

Carros foi um grande sucesso de
merchandizing e havia muita gente
cobrando uma sequencia, que foi
descartada pela Pixar. A única que
teve sequencias foi Toy Story por
que pelo contrato da desconhecida
Pixar com a Disny da epoca, a Disney ficou com os direitos dos
personagens e de fazer sua propria sequencia se a Pixar se recusasse
a faze-lo. Ja havia uma proposta
de Toy Story 3 que foi abortada depois da fusao da Pixar com a Disney, pois o desenho seria uma criação barata da Disney. Agora será uma produção da Pixar.
Creio que o grande problema da antiga Disney
era que os grandes contos de fadas
já foram utilizados, e a Disney
nunca trabalhou muito com
estórias originais. Então a forma
mais facil de suprir a deficiencia
de boas estorias era adulterar
os contos de fadas com sequencias...

Unknown disse...

Ratatouille era para ser o ultimo filme da Pixar com a Disney, então
talvez tenha saído diferente por
que eles queriam dar o tom da sua
independencia. Parece que o pessoal
da Disney estava relutante em ter
um rato que parece rato estar
na cozinha, então acabaram fazendo
uma publicidade fraca do filme.
O roteiro é o do mesmo diretor que
fez Procurando Nemo, o maior sucesso
da Pixar.

Renata Brunelli disse...

- Ops, o filme que é da Disney é Selvagem, e não Madagascar.... é que Selvagem é uma cópia tão barata que eu me esqueci...
- FormiguinhaZ e Bee Movie têm um estilo de humor bem mais adulto, que eu jamais vi em qualquer filme da Disney... tanto que qdo era pequena vi FormiguinhaZ e não entendi quase nada!! Hj acredito que acharia mais graça...

Renata Brunelli disse...

Ah, e Nemo é muuuito bom!!! :)

Renata Brunelli disse...

E não é sempre que tem morte... há filmes em que o "vilão" não é um/uma bruxo/a nem um leão com pacto com o demônio, e aí eles não morrem no final... como Aladdin, A Dama e o Vagabundo, Ratatouille mesmo... os mais modernos também são assim!
E as histórias da Disney que foram baseadas em contos de fada são mais antigas... eu tenho um álbum que traz a relação dos filmes, e a maioria dos filmes baseados em contos de fadas foram os primeiros! Branca de Neve, Cinderella, Peter Pan... mas tem alguns muito bons que são originais... e tem outros que são tão baseados em contos de fadas quanto Shrek!! :pp Ou seja, "levemente inspirados".

Renata Brunelli disse...

não sei, acho que eu to mal acostumada a jogar RPG... a gente vê um monstro maligno por aí e já sai dando flechada!! :pp acho que talvez por isso a idéia de a bruxa morrer no final não me seja tão estranha... hehe, se a bruxa fosse simplesmente mandada pra cadeia, não ia dar mto certo, não? E acredito que filmes com pessoas simplesmente más, que não são bruxas, já seriam mais complicadas de se explicar! A criança pergunta pra mãe: mãe, porque ele quer dominar o mundo nem que tenha que matar pessoas por isso? Ah, filho, porque ele é um bandido... hehe, só sintonizar na TV Senado!! :pp
E nem todos os filmes têm um vilão que precisa ser morto... me lembrei da Cinderela agora!

Anônimo disse...

O que o pessoal não tem falado, é que também os filmes da disney poem em discussão (ou para as crianças, apresentam), muitos dos códigos de ética/morais da nossa sociedade. Acho muito bom que a criança tenha fontes que tragam essa mensagem de uma maneira leve e agradável!

Unknown disse...

Cinderella tem o gato Lúcifer...

Acho que a lógica do vilão morrer
que me preocupa é a interpretação
ao contrário, o velho implica
utilizado como se e somente se: se
morreu era vilão...

Unknown disse...

Em a dama e o vagabundo havia a
ratazana... provavelmente na minha
infancia interiorana a ideia de
violencia diária era inexistente,
então ter que torcer pela morte
de alguém não parecia normal...

Unknown disse...

corrigindo...
o roteirista do ratatouille não é o mesmo do nemo, é o roteirista do e-walle. O diretor do ratatouille é o
mesmo dos incriveis, acho que li que houve troca de diretor do ratatouille
para tocar o e-walle.

Renata Brunelli disse...

Hm, mas o gato não morre, morre? Hehe, lembro que por causa dele todo mundo acusou a Disney de mensagem subliminar... "Bruno, não maltrate o Lúcifer, o Lúcifer é bom!!"

rizbicki disse...

o gato não morre...e tem a madastra e as irmãs, que tb não morrem...

Unknown disse...

Uma coisa que a Disney sabe fazer, e não tem comparação, é musical (desenhos! Que são bonitinhos, não essa coisa ridícula de adolecentes de verdade). E posso falar dos clássicos da Disney sem nostalgia, já que me falaram a infância inteira que eles são do Demônio.
Agora que as histórias clássicas que são boas e as de hoje ruins é um critério particular seu. Eu não acho que um filme que constrói o personagem devagar (talvez ainda com um momento "I want to") e que o vilão só atrapalha um pouco no final tenha uma fórmula melhor que outros, aliás, particularmente eu acho uma fórmula ruim. Que deu certo por ter sido aplicada com outras boas características.
Adorei Toy Story (o segundo não), ADOREI MUITO SHREK (que também é da DreamWorks - e também não gostei tanto do segundo, só do primeiro e do terceiro). Sinto muitíssimo de quem não gostou de "Os Incríveis" que considero destaque numa época em que filme de animação tá mais na moda que o normal. E Ratatouille pode receber quantos prêmios quiser, ele ainda não tem clímax.
Outro filme moderno da Disney fantástico e que não segue essa fórmulinha clássica é "Lilo & Stitch".

Unknown disse...

o gato cai da janela da torre
e depois não se fala mais nele...

rizbicki disse...

é verdade, mas ele é um gato...

Renata Brunelli disse...

Lilo & Stitch tem isso sim! A ação do filme mesmo começa só no final, mas até lá dá pra conhecer a Lilo, seu contexto familiar, saber quais são os sonhos delas - não ser tão sozinha, ter uma família (a quem ela valoriza acima de tudo), etc. E há um conflito interno dos personagens - o Stitch muda bastane durante o filme, e a Lilo e a sua irmã demoram um pouco até aceitá-lo como ele é (um alien, e não um cão). Em geral, ou o personagem tem que aceitar a si mesmo, ou alguém tem que aceitar alguma outra coisa ou pessoa, ou abos, para que o final possa acontecer - se todos não se unissem, o sucesso não aconteceria, na graaaande maioria dos filmes - inclusive Os Incríveis, por exemplo.
E se a fórmula de dar tempo ao público para se familiarizar e catiar com o personagem principal, as razões que o levaram a ser quem é hoje e seus sonhos não é uma boa tática, e só fez sucesso porque foi utilizada juntamente a outros fatores, quais são as boas táticas?

E eu não falei que os filmes atuais têm histórias ruins - apenas que eles não me cativaram tanto quanto os antigos. E no texto eu citei que havia algumas exceções, como Shrek e Ratatouille (que tem um climax sim!! Tem uma parte em que SPOILER SPOILER SPOILER eles brigam e parece que tudo ferrou!! Mas aí - de novo essa história - o ratinho se autoconhece, o carinha resolve aceitar a situação ao invés de ficar mentindo, a mulher resolve aceitá-lo tb, e o sucesso chega...
PS: Aacho a história de Os Incríveis boa, mas o filme não me cativou a ponto de eu querer comprá-lo e vê-lo mais vezes... assim como milhares de outros filmes
PS2: também sempre vi que filme da Disney era coisa do demônio, li bastante sobre o assunto, tirei minhas próprias conclusões... e decidi que não vou deixar isso atrapalhar minha maneira de ver os filmes, já que me converter a seitas satânicas eles não vão conseguir mesmo...